domingo, 19 de julho de 2009

DORMINDO NO PETIÇO


Ganhei um petiço velho de presente, que ficou à minha disposição para ir à cidade a hora que precisasse, mas o danado do petiço andava mais devagar do que uma pessoa andando a pé, e para provar este fato vou contar o que aconteceu:

Lá pelos idos anos de 1937 ou 1938, durante os festejos de carnaval, depois de fantasiado de holandês pela minha mãe (mãe é mãe, inda mais a minha... que gostava muito de carnaval e principalmente de me ver fantasiado), montei no petiço e me toquei para a cidade.

Minha tia Maria e o seu marido eram os ecônomos do Clube Alvinegro e tinham uma casa para morar atrás dele com um terreno, aonde eu deixava o petiço amarrado quando ia à cidade. Chegando lá, amarrei o petiço num galinheiro dentro do terreno, e fui para o clube, lá encontrei minha tia e o “marido”, terminando os preparativos para o início da grande festa pagã, nesta época eu ainda não tinha me convertido ao catolicismo e, meio contra a vontade, me dava ao luxo de acompanhar as evoluções dos foliões, inclusive da minha irmã Cecy, que gostava muito deste tipo de festa.

A folia começava cedo, antes das dez horas da noite, e terminava ao amanhecer. O carnaval de Taquari era famoso em toda a região, por isto, muita gente de fora do município vinha para os festejos. Terminada a folia, a Cecy e uma prima foram levar uma amiga até o porto, para embarcar no vapor que ia para Porto Alegre, elas foram a pé e voltaram a pé, dois quilômetros de ida e dois de volta. No momento em que elas saíram para o porto, eu saí de petiço em direção à minha casa lá na Estação, aí houve um milagre, a Cecy e a prima que viera junto para a estação e que tinha ido com ela até o porto, chegaram em casa, aproximadamente, às dez horas da manhã e eu, que viera direto para casa, montado no petiço, cheguei às duas horas da tarde!

Eu vou contar como este milagre aconteceu: O petiço quando sentiu que eu estava dormindo e não mais atuando nos comandos, entrou por um corredor pouco usado, que ligava as duas estradas que iam da cidade até a estação. Como a grama era alta ele ficou pastando o quanto teve vontade. Foi durante este tempo que um menino que trabalhava no matadouro passou por nós e disse: Dormindo em cima do petiço? E eu respondi: UÉ DORMINDO!

Apesar de ter respondido, continuei dormindo em cima do lombo do petiço, que caminhou até encontrar a outra estrada, que ele conhecia, pois era por ali que eu ia buscar carne no açougue, o matadouro era do mesmo dono e funcionava no mesmo local, assim passo a passo, chegamos à outra entrada da estação, alguém abriu a porteira, pode ter sido eu mesmo, nunca fiquei sabendo, e continuando no velho passo de petiço velho, chegamos em casa comigo ainda dormindo. Esta história eu realmente vivi!!!

Não tenho fotos da época do causo acima relatado, mas na foto abaixo de alguns anos antes, estamos eu e minha irmã prontos para um carnaval. Tanto as fantasias quanto a minha peruca foram confeccionadas pela minha mãe Anna Almira. Aos nossos pés os melhores brinquedos e o estado da cerca ao fundo testemunha que vivíamos numa casa bem simples nessa época.


Nota:
Fonte da imagem do menino no cavalo de Pau: Loja ArtDelicia

1 comentário

Anônimo disse...

Adoro estes "causos" que o Senhor conta!
( o da assombração me tirou o sono por duas noites!!#morrodemedo mas adoro ler...rs)

Conta mais!!

Bjos carinhosos para o Senhor e Dona Marice!

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