terça-feira, 22 de dezembro de 2009

SÍTIO FRANCK

Sitio Franck 1952
A história do Sítio Franck começou lá pelos idos anos de 1951, quando meu pai, ajudado pelo meu cunhado, compraram esta propriedade (naquela época eu era apenas estudante de Agronomia, por isto não pude ajudar na compra, pois não tinha dinheiro ganho por mim).

Esta propriedade, passou de agrícola produtora de leite, uva e noz pecã, durante trinta anos,para moradia da familia (SÍTIO FRANCK). Ajardinado e com cinco moradias e galpões,
tem uma área aproximada de cinco hectares, tem ainda uns cinco hectares de potreiros os retantes vinte e cinco são constituidos de mata atlântica.

Moramos aqui eu e a Marice, no casarão, que ainda tem lugar para acomodar a Claudia e familia e o Cesar e familia. Na casa da porteira mora o Mazzetto e familia (caseiro), na casa ao lado do casarão a Renata e o Ivan, na outra casa a Gladis e o Isaias e por último, na mais afastada (mas dentro dos limites urbanisados do sitio) a do Marcus e Jaqueline.

Há tempos atrás, aqui era conhecido como a casa dos cachorros, chegamos a ter três grandes e dois pequenos, faziam uma barulheira dos diabos, pois era para isto que eles eram criados e sustentados por nós.

Chegamos a morar em nove pessoas no casarão, meus pais, minha irmã, nós e quatro filhos, parecia a 25 de março num fim de semana, junta nisto os amiguinhos de colégio que a nossa gurizada trazia para cá, geralmente para estudarem juntos.

Agora o Marcus e a Gladis inventaram de criar ovelhas, estamos criando, já são dezenove, é bonito de vê-las pastarem agrupadas, aonde vai uma, as outras vão atraz, é uma sociedade unida que dá gosto ficar apreciando, quando chegar a 100 vai ficar mais bonito ainda, elas vão ser as máquinas de cortar grama, nossos gramados vão estar sempre que é uma beleza.

Como é bom morar aqui fora e pertinho da cidade, são apenas cinco quilômetros pela estrada
pavimentada, tem ávores de todos os tamanhos, flores o ano inteiro, o ar é diferente daquele da cidade, não tem coisa melhor doque estar sentado no alpendre tomando chimarrão e vendo a chuva cair ou as ovelhinha pastando. Nas horas de vento, o farfalhar das árvores é uma música só igualada por uma boa orquesta sinfônica executando Beethoven.

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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A idade escolar


Quando chegamos a uma idade em que começamos a pensar, a primeira coisa que nos vem a cabeça é: gostaria de ser como eles que tem mais de seis anos e vão para a escola, brincar com os outros guris, aprender a ler e escrever, fazer contas e ler livros de história.

Mas quando chegamos lá a coisa muda de figura, que chato, a gente não tem liberdade, passar a manhã inteira dentro daquela sala de aula, com a professora tomando lição de português, matemática (taboada), história, etc., não se vê a hora de retorno à casa, tirar aquela roupa de colégio e botar aquela que usamos para brincar na rua.

Ledo engano, pois logo ouvimos a vóz da mamãe dizendo: primeiro as obrigações escolares e só então pode ir para a rua brincar (isto era no meu tempo, década de 30 e 40, porque hoje tem o computador, ainda bem, pois a vida na rua está muito perigosa (roubos, sequestros e tranzito).

Quando chegamos na idade em que já sabemos ler, escrever ( escrever em cadernos com linha dupla para que as memas saissem bem parelhinhas e legíveis, senão a professora mandava repetir o tema) e fazer contas aí vamos compreeder que estudar requer muito mais tempo da gente, e o tempo de lazer vai ficando cada vez menor e isto vai até a formatura e depois mestrado e depois doutorado, mais cursos de especialização nisto ou naquilo, aí então vem o trabalho propriamente dito, as responsabilidades familiares, aposentadoria... mas sempre é melhor rindo do que chorando!!!

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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

EU ATÉ QUE SOU UM HOMEM LETRADO........


Eu até que sou um homem letrado, mas quando vou escrever as letras me fogem, esta foi a cena que eu encontrei no cartório eleitoral lá em "PORTO ALEGRE" (Porto Alegre merece ser escrito com letras em destaque, já foi o melhor lugar do mundo, na época em que lá morei, viva aquele Porto Alegre antigo, dos bondes, dos barcos fluviais atracando no cais do porto, da rua da PRAIA onde as gurias (mocinhas) desfilavam aos domingos, mostrando todo o seu encanto de jovens gaúchas)

O homem de que falo era um senhor negro, trajando um terno azul marinho muito bonito, camisa branca com uma gravata vermelha bem postada no colarinho, modos respeitosos e gestos de uma pessoa bem educada, mas na HORA DE ASSINAR O NOME A COISA PIORAVA E A CANETA NÃO SAIA DO LUGAR, então pela insistência do funcionário do cartório para ele assinar no lugar devido do pedido do título eleitoral, ele repetia: moço EU ATÉ QUE SOU UM HOMEM LETRADO, MAS NA HORA DE ESCREVER AS LETRAS ME FOGEM.

Fiz o pedido para receber meu título eleitoral, mas aquele homem de mais ou menos dois metros de altura, pesando uns cento e vinte quilos,cabelos bem cortados, unhas aparadas,por lá ficou tentando pegar as letras que tinham fugido, ainda bem que com as minhas não aconteceu o mesmo.
São coisas que só quem tem a minha idade tem para contar.

Fonte da Ilustração: O Atelier 302

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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Vamos falar das ovelhas que nós resolvemos criar:

Primeira Etapa: O primeiro que comprou, com nossa licensa para criar aqui no SÍTIO, foi o Mazzetto, comprou cinco, mas uma logo deu cria, portanto ficou com seis, ganhou do seu cunhado mais uma, ficou com sete, uma outra também deu cria, portanto ficou com oito, até agora eram só fêmeas, então comprou um machinho ficando finalmente com nove ovelhas.

Primeira recomendação: segurá-las fechadas por um dia, dar um pouco de ração antes da noite e soltá-las no outro dia de manhã. Antes da noite, botar um pouco de comida no reservado para elas passarem a noite, para acostuma-las a vir dormir sempre no fechado. Fez errado, deu comida de manhã e soltou-as, até agora não conseguiu mais fechá-las durante a noite.

Segunda etapa: Nós os proprietários compramos dez filhotes de ovelha para carne, do Sergio Caprara, por enquanto vieram sómente seis, as outras estão por chegar, espero que não demorem, mas em matéria de manejo, fizemos certo com elas,botamos um pouquiinho de ração antes da noite, parece que está dando certo, só que elas estão tendo uma certa dificuldade de se enturmarem com as do Mazzetto. As mais velhas não estão querendo a aproximação das novatas, espero que com o tempo tudo se normalize.

Nunca criei ovelhas antes, não sei nada sobre o assunto, pretando aprender, os oitenta e tres anos de idade não serão impecilio, como é bom poder trabalhar, porque o resto vem depois, são onze horas e vinte minutos, está na hora do velho (não muito) ir para a cama.

Só quem tem muito tempo de sobra para perder, para perde-lo lendo o que estou escrevendo, mas o que me importa é ter o que fazer!!! ABRAÇOS...

fonte da imagem das ovelhas: Fotoplataforma

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

CURICACA É O NOME

De uns tempos para cá tem aparecido algumas aves silvestres não habituais na região, CURICACA é uma ave de porte grande, bico próprio para se lalimentar de insetos que vivem nos gramados (é carnívoro), minha descrição não é científica (é visual), possue cores bonitas (claras e escuras) numa bela combinação.

Engraçado como animais silvestres se acostumam com o ser humano, este casal que apareceu por aqui já está habituado com Mazzetto cortando grama bem perto onde eles estão se alimentando e nem por isto se assustam, continuam na faina como se nada estivesse acontecendo alí por perto.

Além das kuricacas apareceram outras aves de cor preta, um pouco menores do que as primeiras, parecidas com orubús, mas de bico fino como as Kuricacas e se alimentando também de insetos que vivem nas gramíneas. São os Maçaricos Pretos.

Hoje à tarde no horário das quatro ás cinco (hora do chimarrão), estávamos nós sentados, a Marice o Isaias e eu, observando o bicharedo que estava se alimentando alí por perto: as Curicacas, os Maçaricos pretos e as ovelhinhas, como é boa esta vida que temos, morando num lugar como o nosso (pelo menos por enquanto, não podemos afirmar até quando), mas enquanto durar vamos aproveitar esta maravilha que o PAI nos proporcionou e cuidar dela com muito carinho e amor.

Fonte das Imagens:
1 – Curicaca Olhares.com
2- Maçarico: blog do Silvio e da Ana

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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A VIDA DE COMANDANTE


O nome Porto Gomes, era devido ao nome do dono daquelas terras: GOMES, o mesmo acontecia com Porto Mariante, cujo proprietário era da família MARIANTE.

O piloto do vapor Bom Retiro também morava em Porto Gomes e às vezes pedia para ficar lá em casa, meu pai fazia também o serviço dele e ia rio acima buscar carga. Ainda me lembro que uma vez, enquanto nosso pai dirigia o barco, eu e minha irmã Cecy viajamos sentados na cama do piloto, que ficava na mesma cabine com o comando do motor e do leme. Nós ficamos quietinhos todo o tempo que durou a viajem, ida e volta, que aventura, pelo menos para mim, pois a Cecy já estava acostumada.

Meu pai era um homem respeitado e muito bem quisto por todo o lugar por onde passava. Como a minha história pessoal se passou, em parte, nos mesmos lugares onde meu pai viveu, muitas aventuras se repetem, apenas mudando o personagem central, meu pai ou eu.

Do Bom Retiro meu pai foi transferido para o vapor de nome Rio Grande, onde ficou por pouco tempo, pois logo chegou a Taquari o vapor “Osvaldo Aranha,” que já estava prometido para ele.

O Osvaldo Aranha era o maior barco da Companhia Arnt e usava como combustível a lenha de eucalipto para esquentar a água da caldeira que produzia vapor para movimentar os pistões da máquina que fazia o barco navegar pelo rio.

A capacidade do Osvaldo Aranha era para cem passageiros, mais cem toneladas de carga aproximadamente. Além da carga e passageiros viajavam quinze tripulantes (comandante, piloto, maquinista, foguista, despenseiro e tripulantes para carga e descarga). Era um barco muito bonito, fabricado na Alemanha, atravessou o atlântico navegando para enfim chegar a Taquari.

Navegava silenciosamente e quem viajava nele tinha ampla visão das margens do rio. À parte de baixo era reservado às cargas, máquinas, e acomodação dos marinheiros. Na parte do meio ficavam o refeitório, a acomodação dos passageiros, a administração e a acomodação do comandante, e outros oficiais, a cozinha e a dispensa, ficavam do outro lado da parte do meio, e a carga no convés da proa.

Na parte superior havia a roda para movimentar o leme e o comando do motor de tração, dentro da cabine do piloto, e mais atrás, as cabines para os passageiros da primeira classe.

Quando navegava a noite, ele ia todo iluminado, contrastando com o leito escuro do rio. Isso formava uma visão muito bonita e alegre. Era gostoso vê-lo chegando ao porto nas noites de verão, com os passageiros e os que os esperavam em manifestações de alegria. Era a vida daquele povo em mil novecentos e trinta.

Meu pai, como comandante, era o responsável pelo bem estar dos passageiros, pelas boas condições das mercadorias transportadas e pelo manifesto feito por ele. O manifesto era um documento onde tudo era anotado em relação aos passageiros e a carga (locais de embarque e desembarque, também se registrava o tipo de carga).

No embarque ele recebia ou mandava seu ajudante, o meu tio Lico, receber as passagens, isso era fácil porque os passageiros entravam um a um pela prancha, que era uma tábua grossa de 30 centímetros de largura, ligando o barco à plataforma de embarque, na margem do rio ou “PORTO.”

Além do respeito dos donos da companhia ele tinha a confiança dos usuários, para transportar familiares menores de idade e idosos, sem o acompanhamento dos responsáveis da família, bem como de vultosas quantias em dinheiro e outros valores. Outra coisa comum, quando chegava a Porto Alegre, era fazer compras encomendadas pelos moradores das cidades ribeirinhas.

Através dos seus minuciosos registros, meu pai mantinha tudo controlado e por isso era o melhor comandante da companhia. Assim, seguidamente, o seu Leopoldo, dono da Companhia Arnt, chamava meu pai para aconselhar-se sobre algumas providencias referentes à companhia. Depois de certo tempo, não fazia nenhuma mudança sem antes consultar a opinião do meu pai.

Nota: a fotografia mostra, da esquerda para direita, encima  Cecy (filha), Marice (nora) e Jacy (filho). Embaixo, Claudia (neta caçula), Gladis (segunda neta), Anna Almira (esposa), Cesar (terceiro neto), Eugênio e Marcus (neto primogênito)

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