terça-feira, 2 de junho de 2009

Após o vestibular uma nova vida na Universidade

Jacy na década de 1950
Jacy Franck na década de 50

Prólogo: Eu sentei em frente a esta máquina infernal com o intuito de recomeçar a descrever minha vida de universitário, não é fácil, principalmente depois de 53 anos, mas vamos tentar começando pela festa dos bichos, as outras faculdades tinham costumes muito radicais, humilhavam os alunos que estavam iniciando a faculdade, casos até de agressões físicas irreparáveis, outros tinham que recorrer á hospitais, mas na agronomia a coisa não passava de um churrasquinho, umas caras pintadas, com exceção das gurias que só apreciavam as brincadeiras, tomando parte somente nos comes e bebes.

Ao lado a fachada do prédio da Faculade de agronomia em 1910 (foto de UFRGS).

Dentro da escola tudo era novidade, novos colegas mais o Ilo e o João, novos professores, novas matérias, novos métodos de ensino e a escola, um prédio antigo construído especialmente para funcionar como escola de agronomia, mas muito bem conservado, onde meu pai cursou o último ano de técnico rural, e isto ocorreu em l915, o local onde ela está situada, na estrada que vai de Porto Alegre a Viamão, com uma topografia composta de morros cobertos de mata nativa e planícies cultivadas, como é de bom tom para uma faculdade que tem por finalidade formar técnicos em agronomia.

Não vou falar do que foi bom ou ruim durante os quatro anos de curso, mas de algumas coisas que aprendi, para que serve uma faculdade na vida futura de um ou uma jovem, abrir horizontes, dar uma visão mais ampla do que devemos fazer, para que o nosso mundo siga seu curso, melhorando a qualidade de vida, pois nossa profissão tem por objetivo, dar mais e melhor alimentação a humanidade.

Começamos o curso com quarenta e três candidatos e terminamos a conclusão com trinta e cinco engenheiros agrônomos. Dos colegas, eu mais recordo do João A. Machado, Conrado S. Wagner, Orlando Gutierrez, sem, contudo, deixar de recordar com boas lembranças os demais, como a Lia, o Ismar Barreto, Leopoldo, o Enio Correia e o Enio Nunes. Como não me recordo do nome de todos deixo o de Leonor Pecil representando os demais desejando saúde para os que ainda vivem e um céu para os que já foram, para todos envio um forte abraço do colega Jacy Franck.

Para chegarmos até a escola existia um ônibus da própria UFRGS, que fazia o vai e vem no início e fim de cada período de aula diário. A carga horária das aulas, no período da manhã para as teóricas e à tarde para as práticas, mas acontece que noventa por cento dos alunos somente freqüentavam às teóricas, o Zé ia a todas as práticas, o que me ajudou para toda vida, porque além de já saber muita coisa, pois praticamente me criei numa estação experimental da Secretaria da Agricultura, as aulas práticas me ensinaram a executar os trabalhos, coisa que sei fazer até hoje.

Durante o curso tivemos matérias boas e professores bons, matérias com pouco interesse prático e professores fora da realidade produtiva ou da pesquisa, mas como a escola é orientadora e fornecedora de conhecimentos, ser um bom profissional depende muito do aluno, não estou me julgando, mas onde fui chamado a desempenhar minha profissão, o fiz pelo menos com conhecimento do assunto e com honestidade.

A vida naquela época era completamente diferente da atual, automóveis podia-se contar nos dedos da mão, a condução coletiva mais comum era o bonde (bons tempos aqueles dos bondes sem poluição), a gente sempre ou quase sempre encontrava lugar para viajar sentado, mesmo quando embarcava em uma parada situada no meio da linha, os ônibus eram muito raros. As linhas de bonde serviam os bairros Navegantes, São João, Floresta, Independência, Petrópolis, Partenon, Gloria, Teresópolis, Menino Deus, Gasômetro e Duque de Caxias.
Abaixo bonde do tipo que entrou em funcionamento em 1920, fotografado em 1957.

(foto disponibilizada por Skyscrapercity Foruns)


seja o primeiro a comentar!

Creative Commons License
Esta obra esta licenciada sob uma Licenca Creative Commons.