domingo, 6 de setembro de 2009

EUGÊNIO CARPINTEIRO, MERCADOR E ECÔNOMO!

Carpinteiros e ferreiros produzindo roda de carroça(Alandroal)
Na carpintaria meu pai fabricava carroças e pequenos barcos de diversos formatos, alguns para sustentar balsas, que serviriam para transportar gente e animais de um lado a outro do rio, nos lugares mais baixos, as balsas eram impulsionadas por remo e à vara.

A maior parte das canoas que ele fabricava era para pescadores, os peixes mais procurados pelos pescadores eram: Dourados; Piavas; Traíras; Pintados; Jundiás; Lambaris e outros.

Nas carroças, as partes de madeira eram todas confeccionadas manualmente, incluindo a parte central da roda. O torno para produção da roda era tocado a pé, pois não existiam motores para aquele tipo de máquina (veja imagem acima). As ferragens eram todas feitas manualmente por um ferreiro, que, neste caso, era o meu tio Augusto, irmão do meu pai.

Além das atividades de carpintaria, meu pai começou a tomar conta do armazém do porto Mariante, onde se faziam carga e descarga, das mercadorias que circulavam de barco pelo rio Taquari. O armazém do meu pai ficava à beira do rio e estava a uns 20 metros do seu leito normal, mas durante as enchentes, suas águas subiam barranco acima, até alcançar a base do porto.

Para carga e descarga das mercadorias para os barcos, eles usavam uma parafernália chamada “maxambomba” constituída por duas plataformas que desciam e subiam por trilhos. O mecanismo era tracionado por uma mula que movimentava uma roda, onde estava preso um cabo ligado as duas plataformas, enquanto o “upa” subia o “cupa” descia.

O movimento maior de carga era destinado a Porto Alegre: Erva-mate, fumo em rama e folha, alfafa, carne, banha e embutidos de porco, além de galinhas vivas dentro de capoeira.

A madeira era transportada em balsas rio abaixo durante as cheias. Essas mesmas balsas eram puxadas por barcos a motor nos períodos de seca.

Para o interior o movimento maior era de farinha de trigo, sal, açúcar, café, cimento, cal hidratado, fazendas, louça, etc.

Estes barcos eram de transporte misto, pois carregavam passageiros também. Aliás, esse era o único meio de transporte entre aquela região e a capital. Os passageiros ocupavam a parte de cima do barco e as mercadorias iam no porão.

A carga ficava armazenada no porto, até o primeiro cargueiro da companhia chegar. Lembro-me perfeitamente, que meu pai colocava minha irmã, sentada nas pilhas de fardo de alfafa, e depois pedia para ela se atirar que ele aparava (ele também jogou de goleiro nos times de futebol que formou!).

18 05 1926 é uma bela data, sempre digo: MAIO é o melhor mês do ano, dezoito fica na região central do mês, e vinte e seis está no início do século. Sou uma pessoa privilegiada até na data do nascimento, com os pais que tive, com a irmã e com a família que consegui formar! Creio que não decepcionei o seu Eugênio e a dona Anna.

Esta etapa da vida do pai foi de muito trabalho, cuidando do armazém, fabricando carroças e barcos, atuando como ecônomo do clube e, principalmente, sendo um ótimo pai!

Nota:
Fonte da imagem de construção de barco - Cidade Surpreendente

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