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Jacy (esq.) e Cecy (dir) antes da mudança para casa dos Azeredo. |
Foi enquanto morávamos na casa dos Azeredo que eu me
lembro de ter começado a jogar bolinha (bolinha de inhaque ou gude), modéstia à
parte, me tornei talvez o melhor da cidade, pois não perdia para ninguém.
Além da bolinha comecei com as velhas peladas entre
a gurizada, outros brinquedos como soldado ladrão, eu era bom para subir em árvores
(desde que minha mãe não estivesse por perto, ela ficava nervosa e começava a
gritar para eu descer).
As árvores altas eram um bom lugar para a gente se
esconder, então tínhamos tempo de ver os soldados e no momento oportuno, descer
para bater no ponto da liberdade.
Eu e minha irmã não brincávamos muito um com o
outro, pois ela tinha as amigas gurias e eu os meus amigos guris, vamos ver se
me lembro do nome de alguns deles: Rui Guimarães, Arai e Rubens Schnaider,
Lauro Farias, e muitos outros cujos nomes não me vem à memória agora, como é o
caso dos filhos do seu Jacuim (Joaquim).
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Jogo de bola de gude (Pedro Veiga) |
Neste período em que moramos na casa dos Azeredo,
foi que comecei a ir a escola, aprendi a ler e escrever, eu era o menor de
todos, inclusive em idade. A dona NINI era a nossa professora e comandava uma
aula com “70” alunos do primeiro ao oitavo livro, tendo como ajudante apenas
uma régua de louro com 50 cm de comprimento, boa largura e grossura, a gente
respeitava tanto a titular como a assistente.
Imagina só que tipo de aula a coitada podia dar, mas
a gente aprendia a ler e escrever, pois não é que eu estou aqui? No ano
seguinte ela arrumou uma moça para ajudá-la a tomar a lição dos alunos.
Esta casa estava localizada numa rua perpendicular a
rua principal do bairro, e ficava aproximadamente a 50 metros da mesma, esta
rua ia direto ao campo de futebol da cidade onde joguei muitas peladas; ao lado
da casa tinha um pátio grande onde estavam localizados a latrina e um poço que
fornecia água para a residência, só que a gente tinha que puchar a água com um balde,
(por meio de uma manivela), que servia para fazer a comida e tomar banho numa
bacia grande, era um local onde se brincava pois tinha sombra bastante.
A casa ficava entre as das principais famílias que
moravam neste bairro : a do Sr. Leopoldo Arnt, por ser o dono da navegação
Arnt, era a família mais importante e influente economicamente e por sinal
gostava muito de carnaval, era o presidente vitalício do Grêmio Recreativo
Alvinegro.
Foi nesta sociedade que eu vi meus primeiros filmes,
eram mudos; a do seu Osvaldo coelho que era o dono do armazém de secos e molhados,
era gago; na outra esquina o Caetano, barbeiro, também gago, pois numa certa
ocasião, um cidadão entrou no armazém do seu Osvaldo e perguntou onde estava um
determinado arreio, então o seu Osvaldo informou que o arreio estava na casa do
seu Benman.
O homem se dirigiu naquela direção, mas o Caetano ouviu o recado
que estava errado e então deixou o cliente sentado na cadeira, saiu à rua para
corrigir a situação, então os dois gagos quiseram chamar o homem de volta, mas
não saia som inteligível, era só aquela gagueira, tanto que o homem foi até a
casa do seu Benman e voltou, enquanto o dois, um em cada esquina, faziam gestos
misturados com palavras ininteligíveis.
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