quarta-feira, 26 de maio de 2010

O I TÁ QUI


A maior fazenda de criação de gado da região da fronteira do rio Grande do sul com a Argentina, tinha como proprietário um tal de Dr. Idalécio, formado em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, pois a do Rio Grande ainda não tinha sido fundada, seu pai tinha sido um índio grosso acostumado as lidas do campo, rosto crestado pelos raios do sol escaldante da fronteira, sabia que somente um homem estudado e sabido poderia levar adiante um empreendimento como a sua fazenda, com uma área tão grande e com métodos modernos de melhoramento de gado e de pastagens.

Como presente de formatura, ganhou de seu pai, uma viagem à Europa, principalmente pela França e Inglaterra. Na Inglaterra, o moço, Dr. Advogado, com a devida responsabilidade que lhe dera o pai, procurou se informar das raças de gado mais modernas para a produção de carne, como: Aberdeen angus, Devon, Shorthorn e Hereford, visitou diversas cabanhas, tomou conhecimento dos métodos mais modernos em uso e só depois voltou para o Rio Grande, com vontade de tornar aquele pedaço de pampa, num criadouro de raças modernas, fazendo uma produção de carne de alta qualidade para a gauchada fazer churrasco.

O Dr. Idalécio era conhecido em toda a região como Dr. I, uma espécie de apelido carinhoso e respeitoso, pois ele dizia sempre: o respeito é bom e eu gosto, a fazenda dele ia de vento em popa, os melhores planteis estavam lá, sempre aos cuidados de uma médica veterinária, ficando as pastagens por conta de uma Eng. Agrônoma, suas filhas, estas sim, já formadas pela UFRGS.

Todos os fins de semana, o Dr. I mandava pegar um novilho de sobre ano, gordo, para carnear e fazer um belo churrasco para todo o pessoal que trabalhava na fazenda, mais alguns amigos fazendeiros e líderes políticos. Estes últimos não faltavam nunca, mas quem organizava e comandava tudo era o capataz da fazenda, Manoel da Silva, também conhecido como SEU MANECO, que providenciava a pinga envelhecida em barril de cavalho para aperitivo assim como o vinho tinto importado para acompanhar o churrasco.

Quando estava tudo pronto alguem ia chamar o patrão, então o capataz dizia em voz grossa e forte, vão se assentando para comer, porque o Dr. “ I TA QUI “

Esta chamada do capataz foi tantas vezes repetida, que acabou formando uma só palavra: ITAQUI, acabou soando tão bem nos ouvidos dos políticos que, em homenagem ao DR. Italécio, quando fundaram o novo município, resolveram chamá-lo de, imaginem só!!! “ ITAQUI”

A história que contei, não sei até que ponto ela é verdadeira, mas tem um cunho de bem provável, lá isso tem.

Os nomes das coisas muitas vezes surgem de uma hora para outra, sem que para isso fosse pensado, o nosso mundo é formado de surpresas e coisas sem nexo, que, na maioria das vezes, não tem nada com o que está ocorrendo.

O que escrevi tem a finalidade de fazer com que as pessoas aprendam um pouco a divagar sobre as coincidências, nosso mundo está cheio delas e o direito de pensar é a única coisa verdadeiramente nossa que ninguém pode tirar!!!






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