sábado, 15 de maio de 2010

A COMPRA DA GRANJA FRANCK (HOJE SÍTIO FRANCK)


fundo da casa principal 2


Em 1951, em companhia de José Grazzia, meu pai comprou uma propriedade de 30,5 hectares na linha Palmeiro, no lugarejo chamado Barracão. O valor da primeira parcela foi CR$ 35.000,00 e foi pago 50% por cada sócio1.

Em 1952 meu pai comprou a outra metade do seu sócio com dinheiro recebido do Silveira, marido da Cecy, (CR$ 10.000,00) mais CR$ 15.000,00 obtidos com a venda de pedras de alicerce da casa velha, para a Cia Mônaco.A 2ª parcela da compra, no valor de 37.000.00 cruzeiros, foi pago com um empréstimo da Caixa Econômica Federal.

Esta propriedade estava abandonada há anos, e fora muito depredada pelo último proprietário, estava virada em espinho, pedras soltas, e um casarão de madeira em cima de um porão de pedras de alicerce. Tivemos que fazer tudo, a começar do zero, e foi isto que foi feito.

Durante as férias escolares, comecei a ajudar meu pai a construir a 1ª e a 2ª casa de madeira, organizar parreiral, estábulo e a compra do 1º jipe logo depois que comecei a trabalhar na Secretaria da Agricultura. De 1958 em diante, a granja começou a dar lucro, pela venda e transporte de leite e de uva, porque até aqui meu pai é que financiava a vida da granja.

sitioanos80


CESAR em 1962Nesse tempo, meus pais ainda moravam numa casa situada no Bairro Planalto em Bento Gonçalves, que era de propriedade da Secretaria da Agricultura. A vida dos meus pais era muito simples, de manhã sedo 5,30 ou 6.00 horas, meu pai levantava e fazia fogo no fogão a lenha (não tinha fogão a gás), punha a chaleira com pouca água em cima da chapa do fogão e ia para o banheiro, quando voltava a chaleira estava chiando, neste tempo que ele levava para fazer chimarrão, minha mãe levantava e vinha lhe fazer companhia, sentados na porta da cozinha, no verão com a porta aberta e no inverno com a porta fechada. Esta rotina mudava nos fins de semana quando eu vinha visitá-los, primeiro solteiro e depois com a família.
Depois que o tio Dico (Frederico Conceição Franck) mudou-se com a família para Porto Alegre, passou a visitar meus pais com certa freqüência, uma visita sempre muito bem vinda, pois além de irmão, era um homem muito bom e meu padrinho.
Além da trabalheira toda que meu pai estava tendo com a produção de mudas e organização de pomares, nos finais de semana, impreterivelmente, vinha até a granja para verificar o que estavam fazendo e tomar as devidas providências, para executarem novos trabalhos (eita homem forte de espírito, pelo menos, porque de saúde já estava fraquejando).

APOSENTADORIA
Meu pai aposentou-se e veio morar aqui na granja em 1962, na primeira casa de material por nós construída, perto do portão de entrada, com 80 m² de área mais o porão. Em cima possuía: 3 quartos, sala, cozinha, dois banheiros e uma área.

Ela ficou muito perto da estrada, mas quando foi construída, o movimento era quase zero, além de alguns homens a cavalo ou carroça, passava algum veículo automotor, muito raramente, cerca de um por mês, a não ser o nosso próprio, usado para o frete do leite.

Gladis à porta da casa dos avós

Nos fins de semana, a casa ficava apertada com a gurizada crescendo! Assim, fizemos uma casa de material para o Davide morar de 56m² com porão aproveitável, onde ele instalou uma barbearia.

Em seguida começamos a construção da casa grande com 144m², de início, quando só ocupávamos a parte de cima como moradia: tinha cinco quartos, dois banheiros, uma sala grande, uma sala de jantar e uma cozinha; na parte de baixo com 120m²: um banheiro mais sete peças.
Marcus, Cecy, Anna e Claudia


Uma das peças do porão minha mãe usava para guardar o leite em panelões de alumínio, dentro de um refrigerador comercial, depois de frio ela tirava a nata, e então batia manteiga para vender, uma outra peça era o nosso escritório, as outras foram sendo ocupadas depois. Na organização da granja como propriedade produtiva eu também contribuí com trabalho e tomada de decisões, continuando naquela linha até onde foi possível (mas esta é outra história).

fundo da casa principal


Foi neste período que começamos a aumentar a produção de leite e de uva, para o leite foi construído um estábulo de material para 21 vacas, e nas parreiras foi implantado um quadro de Cabernet Franc com 600 plantas, sendo que 400 faziam parte de um experimento com 25 clones de 4 repetições cada clone (o grande erro meu, foi não ter acabado com o experimento ainda no primeiro ano, e substituído aqueles clones improdutivos e atacados por virose, por enxertos produtivos da mesma variedade, para terem uma idéia: Tinha clone produzindo 50 Kg. Por pé e outros 0,5 Kg. O interesse da E.E. de Caxias do Sul pelo experimento, foi zero, e nós tivemos um grande prejuízo financeiro.

A uva era entregue na Cia.Mônaco, onde éramos muito bem tratados. O leite era distribuído de casa em casa, dava um rendimento muito bom, seria maior se não tivessem havido alguns desvios realizados por pessoas em quem meu pai e eu tínhamos plena confiança!

ângulo do estábulo - depósito

ângulo do estábulo - espaço das ovelhas

A granja foi transformada num canteiro de obras produtivo: Uva, leite e noz Pecã. Compramos a “granjinha” uma área de oito hectares que fazia divisa com nossa propriedade. Não sentíamos falta de terra, mas nesse terreno havia mais água, que no nosso era escassa. A granjinha também entrou no canteiro produtivo coma implantação de pastagens e potreiros.

Este grande homem, maior ainda porque fazia e porque achava que deveria fazer, nunca pensou em honrarias, quanto mais fazia mais humilde ficava.

QUE O PAI O PROTEJA ONDE TU ESTIVERES.
OBRIGADO POR TUDO O QUE EU RECEBI DE TI E DA MAMÃE.

Nota:
1- em 1942 - O "cruzeiro" tornou-se a nova moeda nacional até 1967 – quando a desvalorização do "cruzeiro" levou à criação do "cruzeiro novo", com valor mil vezes maior (Portal São Francisco).

1 comentário

Anônimo disse...

muito interessante é lindo ter uma história dessas

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