domingo, 8 de novembro de 2009

A PORCA, A MANDIOCA E A ABÓBORA!


O irmão mais velho de minha mãe se chamava JOÃO, então para mim era o tio João. Ele era um homem muito bom, era casado e tinha um filho e três filhas.

O tio João herdou a propriedade do vovô Delfino[1] e continuou com as mesmas atividades agrícolas: vacas de leite, milho, feijão, mandioca, aipim, arroz, frutas (quase só laranja), criação de galinha e porcos para banha. Cavalo ele tinha um ou dois (não me lembro quantos). Vacas de leite, no potreiro, só eram presas na hora de tirar o leite, o galinheiro era no galho das laranjeiras, a mangueira dos porcos era fechada com lajes em pé (um metro de altura) e mais três fios de arame farpado em cima. Ele alimentava os porcos, atirando espigas de milho através do cercado.

A sua porca mais velha era muito grande, e estava para dar cria. Um dia ao alimentar os porcos, perto do período em que ela deveria parir, a primeira coisa que notou foi à falta da porca velha, e logo saiu a procurar, primeiro no cercado, onde achou um rombo na direção da roça de mandioca.

O tio João seguiu na direção da roça de mandioca e qual não foi à surpresa dele, em lá chegando, ao encontrar um enorme buraco junto a um pé de mandioca! Ele examinou o buraco e constatou que era muito fundo e largo. Enfiou-se pelo buraco adentro e foi até um pedaço, quando perdeu o “folgo”[2] então retrocedeu e como já era tarde, foi para casa se lavar, jantar e dormir.

No dia seguinte, um compadre dele, que morava do outro lado do rio Taquari, atravessou o mesmo e veio dar a notícia para o tio João, que a porca tinha dado cria dentro de uma abóbora lá na roça dele! Então meu tio João pegou a canoa e foi ver o que tinha acontecido.

A porca tinha começado a roer uma raiz de mandioca (das grandes), e como estava com muita fome, foi roendo, roendo (e como continuava com muita fome), continuou roendo, e quando terminou a raiz de mandioca se achou no meio de uma plantação de abóboras.

Lá na roça de abóboras, como a fome da porca continuava, ela passou a roer uma abóbora grande, até que notou que ia dar cria, e, como estava fora de casa, aproveitou o buraco na abóbora e começou a fazer seu próprio ninho roendo o miolo da abóbora e indo para dentro. Lá mesmo deu cria a trinta e dois leitões grandes e saudáveis.


Quando o tio João chegou na roça do vizinho do outro lado do rio Taquari, o trinta e dois leitõezinhos já estavam mamando, cada um na sua teta (bota teta nisto). O resto da história descreve a trabalheira de trazer tudo de volta para o lado de cá do rio!

NÃO ACREDITAM???!!!!
Pois quando eu era pequeno, meu tio João costumava me contar esta história, e pela cara dele, eu achava que era verdadeira, porque então vocês não vão acreditar também?

Notas:
[1] Esta propriedade ficava numa localidade chamada de “beira do rio”.
[2] “folgo” forma como meu tio falava a palavra fôlego.


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